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Quadrilha usava 'dublês' de doentes para fraudar benefícios do INSS em SP

A quadrilha presa em São Paulo na última terça-feira (24) por fraudar perícias
médicas do INSS utilizava dublês de doentes, em alguns casos, pessoas doentes de verdade, mas que se passavam falsamente pelas pessoas que receberiam os benefícios no momento da perícia.

Segundo o delegado Rafael Dantas, coordenador da operação, em alguns casos, os falsos doentes foram flagrados retirando gesso falso logo após sairem das agências do INSS.

O prejuízo estimado da quadrilha é de R$ 60 milhões e R$ 25 milhões dos envolvidos foram bloqueados. 10 pessoas foram presas, entre elas uma auxiliar de enfermagem que atuava em um hospital público estadual e que usava os nomes de pessoas hospitalizadas para obter o benefício de forma fraudulenta.

A Operação Pseuda foi realizada de forma conjunta com a inteligência previdenciária, Advocacia-Geral da União, Ministério Público Federal e INSS, e cumpriu 12 mandados de prisão e 16 de busca e apreensão. Duas pessoas continuam foragidas, informou o delegado em coletiva à imprensa.

"Alguns dublês, de fato, tinham deficiência, paralisia infantil, ou obesidade mórbida, e se apresentavam como segurado. A pessoa passava pela perícia, mas não era ela que iria receber o seguro", diz o procurador-federal Alexandre Jannucci.

As investigações começaram em novembro de 2017 e descobriram que as fraudes consistiam em requerer auxílios-doença para pessoas, algumas que sequer figuravam como segurados do INSS, com o uso de documentos falsos e diversos artifícios.

"O grupo criminoso valia-se de dublês, ou seja, pessoas se faziam passar pelo requerente durante a perícia médica, onde fingiam doenças mentais, tinham membros engessados, bem como usavam falsos relatórios médicos", diz a PF.

Os investigadores descobriram que as pessoas tiravam as próteses falsas após a perícia. A probabilidade é que o grupo agia há pelo menos 10 anos.

O grupo também gerava aposentadorias falsas: confeccionava carta de concessão de aposentadoria fraudulenta que entregue ao “cliente” permitia sacar, irregularmente, os valores depositados em seu FGTS. Parcelas dessa quantia era repassada ao grupo criminoso como pagamento pela falsa aposentadoria.
Motoristas engessavam

Além da auxiliar de enfermagem, apontada pelo delegado da PF como "mentora" do grupo, havia um "braço financeiro", que realizava os pagamentos aos segurados e desviava parte do dinheiro à quadrilha. Também havia motoristas, que levavam os "dublês" para as perícias e também auxiliavam com as fraudes. "Eles sabiam até engessar o braço dos falsos dublês", afirma o delegado.
Documentos falsos eram fabricados para as fraudes. Em alguns casos, pessoas eram cooptadas para receber falsamente o benefício e destinar parte à quadrilha. Em outros casos, a própria quadrilha era procurada por pessoas normais, sem nenhuma deficiência, que "não queriam trabalhar" e receber o benefício, diz o delegado Rafael Dantas.