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Prefeito usa até feijão de corda como pretexto para decretar "situação de emergência" em Irecê, 16 dias depois de festa de São João

Chuvas em Irecê 
O jornalista Eraldo Maciel publicou esta semana uma matéria falando sobre o decreto de situação de emergência
para a cidade de Irecê, que trouxe uma reflexão de grande parte do munícipes, principalmente diante dos últimos acontecimentos e ações da gestão municipal. Vamos a matéria: 

Por Eraldo Maciel , 


A propaganda oficial da gestão de Elmo Vaz afirma incansavelmente que realizou em 2019 "o melhor São João da história". Há muitas controvérsias - mas propaganda é propaganda. A festança, que teve artistas com cachê que chegou a estratosféricos quase R$ 400 mil, caso de Zé Neto e Cristiano, teve início no circuito oficial no dia 21 de junho e encerrou-se no dia 24. Eventos semelhantes, porém, seguiram até o final do mês, em bairros , povoados e distritos de Irecê, município situado no Centro-Norte baiano, região semiárida.

Curiosamente um decreto, publicado em 16 de julho corrente e retroativo a 10 de julho, estabelece "situação de emergência" em Irecê pelo prazo de 150 dias (cinco meses), prorrogável por mais 30 dias. A culpa, segundo o prefeito, é da estiagem e das perdas na safra 2018/19 - ou seja: quando da realização dos festejos esses prejuízos já teriam acontecido. E mais: lavouras de feijão foram o principal pretexto para a decretação da emergência. Até o delicioso e muito popular feijão de corda (feijão vigna) virou "culpado", além do seu parente feijão de cores (feijão phaseolus).

O fato causou estranheza na população e chamou a atenção de vereadores. A alegação de estiagem prolongada não combina com as explicações dadas pela própria prefeitura de Irecê, recentemente, quando justificou os incontáveis buracos nas vias públicas da cidade exatamente em razão da enorme quantidade de chuvas que caíram neste ano (foto abaixo). Assim, a própria gestão assume que choveu em Irecê, sim - e em grande quantidade.

Outro detalhe que gerou estupefação é o fato de que há vários anos as lavouras de feijão já não existem em quantidade tão significativa a ponto de interferirem substancialmente na economia local. Atualmente é a irrigação a maior geradora de emprego e renda - e até agora não se tem conhecimento de muitos poços artesianos "finalizados", como afirma o decreto do prefeito.
Irecê, aliás, se "reinventou" economicamente depois que o Banco do Brasil praticamente zerou os financiamentos para lavouras de sequeiro de feijão. E muito menos influência econômica tem o feijão de corda (foto ilustrativa abaixo), que até hoje é produzido praticamente só pela Agricultura Familiar e é vendido em quitandas, supermercados e feira-livre.
Estados e municípios em situação de emergência têm especiais liberdades para manuseio do Orçamento, como obras "emergenciais" e contratação de serviços e pessoal supostamente para o combate ao "mal" anunciado, além de remanejo de verbas. Vereadores de Irecê já afirmaram que investigarão a fundo o decreto e que, se necessário, irão ao Ministério Público e à Justiça.

A atual gestão já havia decretado situação de emergência, em 2018, por 180 dias, prorrogáveis por mais 180 - ou seja, 1 ano.

fonte Líder noticias.