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Homem que matou ex-mulher na frente da filha é condenado a 19 anos de prisão

O Tribunal do Júri de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, condenou
Emerson Bezerra da Silva a 19 anos e 11 meses de prisão pela morte da ex-mulher, Daniela Eduardo Alves. O julgamento começou ontem, mas precisou se estender por todo o sábado (25). O caso ficou famoso, em janeiro do ano passado, pelas mais de dez ligações de vizinhos que pediam ajuda à Polícia Militar para Daniela.
A morte de Daniela aconteceu em 14 de janeiro de 2019. Emerson foi preso logo em seguida, na casa dos pais, no bairro Sítio Cercado, em Curitiba. Na ocasião, a filha do casal, de apenas três anos, presenciou o assassinato.
O corpo de jurados considerou que o feminicídio foi cometido com meio cruel e motivo torpe.
Durante os dois dias, a família de Daniela acompanhou o júri. Ao fim, o pai Mauri Júnior disse que o resultado foi satisfatório. “Nada trará a Daniela de volta, mas Justiça foi feita e ele vai pagar. Foram 19 anos e agora questiono, foram 19 facadas? Espero não precisar olhar para a cara dele nos próximos anos”, disse.
A promotora do caso, Renata de Paiva, disse que o Ministério Público do Paraná (MP-PR) também ficou satisfeito com o resultado. “Desde o início da instrução processual, o MP-PR atuou com muita lisura e seriedade. Foi comprovado que o feminicídio aconteceu pelo contexto doméstico e familiar, nos moldes do Código Penal. Ele era casado com a vítima e cometeu por razões de ciúme”, explicou.
O advogado Luis Gustavo Janiszewski, que representa a defesa de Emerson, disse que vai recorrer da decisão do júri.

Júri

O júri popular começou por volta das 9 horas de sexta-feira (24). No primeiro dia, as testemunhas de defesa foram ouvidas.
Com o avançado das horas, a juíza responsável pelo caso optou por suspender o julgamento. O júri foi retomado na manhã de sábado e foi concluído por volta das 18h.
Ao longo do julgamento, Janiszewski tentou descaracterizar a acusação de feminicídio, tentando fazer com que Emerson passasse a responder apenas por homicídio, que daria uma pena mais branda. “Deixamos bem claro que essa hierarquia entre eles não existia. E a delegada foi ouvida e esclareceu o que é feminicídio, que ele necessita de alguns requisitos, incluindo a condição de gênero. Desde sempre eu venho falando que essa tragédia não tem como vítima o sexo feminino e sim a vítima Daniela. Isso é um homicídio que teve como vítima a mulher Daniela e não um feminicídio”, disse.
Com o fim do julgamento, o assistente de acusação, Ygor Nasser Salmen, confirmou que esse era o resultado que eles esperavam. “Nós estamos felizes e emocionados. Esse é o resultado de um trabalho árduo e não tem nada mais satisfatório para nós do que ouvir as palavras de agradecimento da família da Daniela. É ao menos uma forma de contentar essa família que está totalmente desestruturada”, concluiu.