Ceará ter registrado um aumento nos crimes violentos, “não há uma situação de absoluta desordem nas ruas”. Moro participou de uma reunião para acompanhar a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Ceará, junto com o governador Camilo Santana e os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e da Advocacia-Geral da União, André Luiz Mendonça.
Segundo o ministro da Justiça, a situação
no estado “está sob controle”, mesmo com o crescente índice de assassinatos no
Ceará. Moro disse ainda que as Forças Armadas estão no Ceará temporariamente,
até que a paralisação de parte da Polícia Militar seja resolvida.
“As forças estão
aqui subsidiariamente pra atender a uma situação que nós entendemos ser
temporária e que deve ser resolvida brevemente. Existe um indicativo de aumento
de alguns crimes mais violentos, mas não há uma situação de absoluta desordem
nas ruas. As pessoas estão nas ruas, nós circulamos nas ruas. Não existem, por
exemplo, saques a estabelecimentos comerciais, nem nada disso. A situação está
sob controle, claro dentro de um contexto relativamente difícil em que parte da
polícia estadual está paralisada”.
Durante a paralisação da PM, houve um
aumento no número de mortes violentas no estado. Entre quarta-feira (19) e
domingo (23), 147 homicídios foram registrados no estado pela
Secretaria da Segurança Pública (SSPDS). Com mais de 70 mortes somadas, a
sexta-feira e o sábado foram os dois dias mais violentos do estado desde
2012, ano da última paralisação de PMs no Ceará.
A média de assassinatos em 2020 era de
seis casos por dia antes do motim.
Por conta da crise na segurança, a Força
Nacional e o Exército passaram a atuar em Fortaleza. Atualmente, a segurança no
estado é reforçada por 2,5 mil soldados do Exército e 150 agentes da Força
Nacional.
Reintegração de posse
dos batalhões
Sergio Moro afirmou ainda que o envio da
GLO e Força Nacional, além das intensificações de segurança, são para “garantir
a tranquilidade e segurança da população”.
Questionado se a Força Nacional pode
atuar em caso de reintegração de posse dos batalhões da PM ocupados, o ministro
afirmou que o Governo Federal está atuando para permitir que o Ceará resolva a
situação sem que a população fique desprotegida.
“Nós temos que colocar a cabeça no lugar
e pensar o que é necessário daqui em diante para solucionarmos essa crise
específica, pra voltar os policiais a realizar seu trabalho. O Governo veio
para permitir que o governo (estadual) possa resolver essa situação sem que
nesse lapso temporal a população fique desprotegida”, afirmou o ministro.
O secretário da Segurança Pública do
Ceará, André Costa, também descartou, nesta segunda, a possibilidade de
solicitar a reintegração de posse dos batalhões. Costa acrescentou que a
situação deve se normalizar até o dia 28 de fevereiro, data final da GLO.
“Não tem nenhuma previsão até o momento
de reintegração. Não tem nada a se tratar sobre isso”, disse.
O motim de policiais militares no Ceará
chegou ao 7º dia nesta segunda-feira. Pelo menos três batalhões de Fortaleza e
da região metropolitana seguem ocupados por grupos de amotinados.
Policiais punidos
Até a noite de domingo (23), mais de
200 agentes de segurança haviam sido afastados por participação nos atos e
37 foram presos por deserção.
Desde terça-feira (18), homens
encapuzados que se identificam como agentes de segurança do Ceará invadiram e
ocuparam quarteis, depredando veículos da polícia. Policiais militares
reivindicam aumento salarial acima do proposto pelo governador Camilo Santana.
Ao todo, 230 policiais foram
afastados das funções por envolvimento no motim, com a instauração de Processos
Administrativos Disciplinares (PADs) pela Controladoria Geral de Disciplina
(CGD). Além disso, 37 policiais considerados desertores foram
presos no domingo por faltarem a uma chamada para trabalhar na segurança
em festas de carnaval no interior do Ceará.
Onda de violência
Além dos assassinatos, assaltos, roubos e
ataques a veículos policiais também ocorreram nos últimos dias na capital e no
interior. No sábado, doze pessoas foram presos quando se preparavam para
cometer assaltos em uma festa de carnaval na cidade de Paracuru, na região
metropolitana.
Atualmente, a segurança no estado é reforçada por
2,5 mil soldados do Exército e 150 agentes da Força Nacional, além de 212
policiais rodoviários federais, policiais civis e PMs de batalhões que não
aderiram à paralisação.
O comandante da 10ª Região Militar do Ceará,
Fernando da Cunha Mattos, afirmou que o estado ainda receberá mais tropas para
reforçar a segurança. Mattos disse que o número de soldados foi “inicialmente
insuficiente” e que o Comando do Nordeste enviou tropas de quatro estado. O
número de soldados, porém, não foi informado pelo comandante. (G1)