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Copa América 2021: Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte se recusam a receber os jogos do evento

 


Após ter sido recusado pela Colômbia, que enfrenta uma onda de protestos, e pela Argentina, que vive um aumento do número de casos de COVID-19, a Conmenbol finalmente encontrou um país para sediar a Copa América 2021 – o Brasil.

A Conmenbol recebeu a autorização para realizar o torneiro em terras brasileiras nesta segunda-feira (31), após receber um parecer positivo do Governo Federal.

O fato do país ter experiência para sediar esse evento, já que a Copa América ocorreu no Brasil em 2019, bem como por apresentar vários estádios em boas condições e ociosos, contribuíram para a decisão.

O campeonato será realizado entre os dias 13 de junho e 10 julho, sendo que a Conmenbol quer que a final seja realizada no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

Agora o Brasil tem 12 dias para organizar um evento que envolve várias seleções – e tudo isso em meio à pandemia. Diante disso, os Governos de Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte já anunciaram que não vão autorizar a realização de jogos da Copa América em seus territórios.

“Sobre a transferência da Copa América 2021 para o Brasil, adianto que não há possibilidade de flexibilizar regras para que a #Bahia seja sede. Seguiremos o mesmo padrão em relação ao futebol. Não será permitido público. Se a exigência é ter público, aqui na Bahia não terá”, explicou o Governador da Bahia, Rui Costa, em suas redes sociais.

Além dos gestores públicos, especialistas em saúde também criticaram duramente a decisão, que coincide com a iminente chegada da terceira onda de COVID-19.

Entre os especialistas e virologistas ouvidos pelo G1, uma opinião prevalece. O Brasil não tem condições de sediar um evento internacional nesse momento, com pandemia descontrolada.

Para o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), realizar a Copa América no Brasil não faz sentido, já que outros países da América Latina estão com a vacinação contra o coronavírus bem mais adiantada, ou seja, estão mais seguros para sediar o torneio.

“A Copa América no Brasil é um deboche e um desrespeito com as 460 mil famílias em luto no país. A decisão foi tomada exatamente no momento em que a terceira onda se inicia. Como fã de futebol, lamento que o esporte esteja cada vez mais se afastando do povo”, escreveu Hallal em suas redes sociais.

Já o médico infectologista Jamal Suleiman, que atua no Hospital Emílio Ribas em São Paulo, foi além. Ele classificou a decisão como inacreditável.

“Você vai ter uma circulação de indivíduos, vários times de futebol circulando, vários países que não fecharam fronteiras para locais com variantes de preocupação e que podem entrar no Brasil. Estamos vendo os ‘atletas’ se colocando em risco em festas clandestinas em um cenário catastrófico. Além disso, essa faixa etária nem tem vacina prevista. Tudo isso só colabora para a gente ir contra esse tipo de evento no país”, explicou o médico infectologista.

Para Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a decisão de trazer a Copa América para o Brasil nesse momento não tem amparo da ciência. Ele ainda lembrou que o aumento da circulação de estrangeiros no país também cria o cenário ideal para a chegada de novas variantes da COVID-19.

“Você coloca países diferentes e troca variantes, então não é momento de se ter, a despeito dos interesses comerciais envolvidos, eventos internacionais de confraternização. Sanitariamente, não há como apoiar e como achar que seja o momento adequado”, afirmou Kfouri.

Copa América vira alvo da CPI

Após ser divulgado que o Brasil vai sediar o campeonato, o senador Randolffe Rodrigues anunciou que vai protocolar um requerimento para convocar o Presidente da CBF para depor na CPI da COVID-19.

O objetivo da convocação é pedir explicações para a entidade de como eles pretendem organizar o evento no país em plena crise sanitária.

“Estou protocolando requerimento convocando o Presidente da @CBF_Futebol na CPI da Pandemia, é necessário saber quais as medidas foram planejadas para garantir segurança sanitária aos brasileiros diante da realização da Copa América com tanta celeridade em nosso país”, escreveu o senador em uma rede social.

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