Aliados descartam Bolsonaro e pensam em dobradinha com Tarcísio

 




Representantes do PP e União Brasil já descartam aguardar uma resolução do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e planejam uma chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado para a disputa.

Segundo informações do jornal O Globo, as duas siglas pretendem indicar o vice da chapa presidencial da direita.

Entre os pepistas citados nos bastidores, estão os senadores Ciro Nogueira (PP) e Teresa Cristina, ambos ex-ministros de Bolsonaro.

Ainda de acordo com a publicação, MDB e PSD também estudam a possibilidade. As quatro legendas citadas possuem cargos dentro do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolonaro tem insistido em sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, afirmando publicamente que estará no pleito.

O ex-presidente, apesar da posição, permanece inelegível até 2030, condenado por abuso de poder.

A cena política brasileira, cada vez mais marcada pelo pragmatismo eleitoral, começa a revelar fissuras dentro do campo conservador. O ex-presidente Jair Bolsonaro, antes visto como figura incontornável da direita, vem enfrentando um movimento silencioso — mas crescente — de aliados que cogitam deixá-lo para trás e apostar em novas lideranças, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Se antes qualquer insinuação de rompimento soava como heresia, hoje a possibilidade de uma dobradinha nacional com Tarcísio encabeçando o projeto presidencial não é mais tabu. Para muitos partidos e parlamentares conservadores, Tarcísio representa uma alternativa com menos desgaste de imagem, mais capacidade de diálogo e, sobretudo, potencial para atrair eleitores fora do núcleo duro do bolsonarismo.

Esse movimento de afastamento tem razões claras. Bolsonaro carrega investigações, rejeição consolidada e a incerteza sobre sua elegibilidade. Além disso, parte da direita avalia que a liderança carismática que o projetou ao Planalto também criou um personalismo tóxico que afasta alianças e limita o crescimento eleitoral do campo conservador.

Tarcísio, por sua vez, surge como uma figura mais técnica, com trajetória administrativa que agrada ao mercado e ao eleitorado moderado. Ele tem trânsito no Congresso e consegue dialogar com setores que Bolsonaro prefere atacar. Não por acaso, lideranças do Centrão e governadores já ensaiam discursos que pavimentam esse reposicionamento.

É cedo para decretar o ocaso político de Bolsonaro. Ele ainda detém uma base fiel, influência digital e carisma junto a milhões de brasileiros. Mas o simples fato de aliados cogitarem substituí-lo demonstra que, na política, lealdade tem prazo de validade — e costuma durar só até aparecer quem pareça mais viável nas urnas.

O que está em jogo não é apenas a sucessão de nomes, mas a redefinição de qual direita vai disputar o poder nos próximos anos: aquela personificada pelo conflito permanente de Bolsonaro, ou uma versão mais calculada e pragmática representada por Tarcísio. No fim, a pergunta que se impõe aos conservadores é simples: vão insistir no passado ou preparar o terreno para um novo projeto?

O eleitor, como sempre, será o verdadeiro juiz dessa escolha.

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