Médicos, alerta escolas para o perigo da brincadeira "desafio do desmaio"




Videos; Brincadeira do desmaio": uma nova moda  mortal entre crianças e adolescentes. Características psicofisiológicas, comportamentais e epidemiologia dos jogos de asfixia'.


As 'brincadeiras do desmaio' são comportamentos de risco que têm se difundido rapidamente entre
crianças e jovens, provocando dependência, acidentes e mesmo mortes, inclusive no Brasil.

Estas atividades são realizadas para vivenciarem sensações eufóricas e fugazes, atraindo grande
número de adeptos por meio de milhares de vídeos  postados nas mídias digitais.

A “brincadeira”, embora sofra algumas variações de prática, é conhecida em todo o mundo como “choking game”. No Brasil, ela é chamada de jogo do desmaio ou brincadeira da asfixia. Nos Estados Unidos, de acordo com informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), ao menos 82 adolescentes já morreram com a prática entre 1995 e 2007. Das vítimas, 87% tinham entre 11 e 16 anos.

O objetivo do “jogo”, geralmente feito em grupo, é que um dos participantes, ao ter a interrupção voluntária da respiração e consequentemente da oxigenação do cérebro, vivencie as sensações de um desmaio (euforia ou lentidão, vertigem). Feita geralmente por crianças e adolescentes, é comum que na brincadeira usem lenços, cintos ou cordas para o asfixiamento, ou também usando a própria mão para enforcar uns aos outros.

Busca por fortes emoções, falta de informações sobre os riscos envolvidos, curiosidade de experimentar o estado de consciência alterado e pressão dos amigos estão entre os motivos de os jovens adotarem a “brincadeira”. “Os adolescentes estão em uma fase desbravadora, acham que são invencíveis. Muitos podem até não saber das consequências, ainda mais se forem crianças, mas os jovens tendem a achar que são insuperáveis e nada de grave pode acontecer com eles”, comenta Dra. Maura Neves, otorrinolaringologista infantil da clínica MedPrimus, de São Paulo.

Parada cerebral

É claro que uma “brincadeira” que interrompe a oxigenação cerebral traz graves riscos. Ao diminuir os níveis de oxigênio e aumentar o de gás carbônico, o cérebro deixa de funcionar. “Quando uma pessoa tem uma queda nos níveis de oxigênio e não consegue recuperar, é como se ela desligasse o cérebro. E se na volta da oxigenação ele não ativar de novo, a pessoa morre”, explica a médica.

Parada cardíaca

A parada do sistema respiratório e do cerebral ainda pode levar a baixos de oxigênio no sangue, quadro que desencadeia as paradas cardíacas. “Se a pessoa já tem uma sensibilidade cardíaca, uma arritmia, mesmo que não saiba, essas variações de níveis de gás oxigênio e carbônico podem piorar o problema e também levar a morte”, alerta Dra. Maura.

Sequelas

Ainda que os níveis de oxigênio se estabilizem a tempo de não afetar completamente o sistema cerebral e nem o cardíaco, o indivíduo pode sofrer com algumas sequelas. “Ele pode voltar do desmaio com uma lesão cerebral. O grau é muito variável, depende do tempo que ficou sem oxigenação e da região que foi comprometida, mas pode haver lesão”, explica a otorrinolaringologista, que ainda compara o mecanismo com o que acontece em afogamentos e soterramentos.

Fraturas e traumatismo craniano

Os riscos da brincadeira do desmaio ainda envolvem lesões corporais já que, ao cair, além de poder fraturar ossos, o indivíduo ainda pode bater a cabeça e sofrer um traumatismo craniano.

Informação e prevenção

Aos pais, é importante, além de explicar sobre os riscos, estar atento ao comportamento dos filhos. Marcas no pescoço, dores de cabeça fortes e constantes, desorientação, presença injustificada e constante de lenços, cintos e cordas em ambientes de permanência do jovem devem chamar atenção.

“Primeiro é importante abordar os filhos e explicar os riscos da brincadeira. Depois, tentar entender os motivos pelos quais ele está se comportamento dessa maneira. Se está com problemas familiares, se é uma depressão ou ansiedade associada. Isso não é brincadeira e em alguns casos pode até ser encarado como tentativa de suicídio. Nessas situações, é importante até procurar um psicólogo ou um psiquiatra”, orienta a profissional.

A escola é outro caminho de informações e prevenção. Palestras e aulas sobre os riscos da “brincadeira” podem contribuir para que aluno entenda o perigo da prática não ceda à pressão dos colegas, caso seja esta a situação.

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