SILAS MALAFAIA MANDA EM BOLSONARO E NA DIREITA ? PORQUE ? QUAL O INTERESSE?





O pastor Silas Malafaia nunca escondeu sua ambição de se tornar uma das vozes mais influentes da política brasileira. Ao longo dos últimos anos, seu protagonismo ao lado de Jair Bolsonaro consolidou uma relação simbiótica entre religião e poder, ampliando seu espaço não apenas nos púlpitos, mas também nos bastidores do Palácio do Planalto e da direita conservadora.

Malafaia foi muito mais que um cabo eleitoral. Ele atuou como conselheiro, articulador e porta-voz informal de pautas que mobilizam uma fatia expressiva do eleitorado evangélico — hoje, base determinante em qualquer projeto de poder. De campanhas contra o aborto e políticas de gênero à defesa incondicional de Bolsonaro, sua atuação ajudou a moldar parte da agenda e do discurso que consolidaram o bolsonarismo como movimento político-religioso.

A influência do pastor vai além do ex-presidente. Ele se tornou uma figura de consulta obrigatória entre parlamentares e pré-candidatos da direita que sabem que seu aval pode significar apoio nas igrejas, acesso a rádios e redes de televisão e milhões de votos. Essa força transformou Malafaia em uma espécie de “xerife” da pauta conservadora — e em um dos principais filtros de quem pode ou não ser aceito nesse campo ideológico.

O problema não está no direito de líderes religiosos manifestarem opiniões políticas — isso é parte da democracia. O problema surge quando esse poder se converte em influência desmedida sobre decisões de Estado, atropelando o debate plural e submetendo políticas públicas a interesses de grupos específicos. O Brasil é um país laico por Constituição, mas tem se mostrado cada vez mais refém de figuras que confundem púlpito com palanque.

O avanço de Silas Malafaia como líder de fato da direita expõe um dilema: até que ponto a política brasileira vai se render ao poder de líderes religiosos que se comportam como donos de partidos, de eleitores e de destinos? Quando um homem passa a “mandar” em presidentes, parlamentares e partidos, é sinal de que a democracia corre o risco de se tornar refém de vontades individuais — e isso deveria preocupar a todos.

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