A cada dia que passa o grupo de oposição tem cada vez mais consciência, que o ex presidente Jair Bolsonaro, não melhora as suas chances no cenário. Não cresce o seu eleitorado, não diminui sua rejeição e ainda as investigações apontam cada vez mais para culpabilidade diante das tentativas de golpe. Aqueles de esquerda não votam em Bolsonaro, aqueles que votam em Bolsonaro são os mesmo, não houve aumento, e aqueles de centro na sua maioria preferem votar em novo nome de direita. Com isso, a direita fortalece cada vez mais o nome de Tarcisio. E não por coincidência, a familia Bolsonaro conseguiu uma declaração elogiando Bolsonaro, para coloca-lo como ainda um pré-candidato forte, oque ja não convence a muitos.
O crescente distanciamento entre Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, evidencia algo que há tempos se desenhava: a fragmentação da direita brasileira. Durante a campanha eleitoral, Tarcísio foi alçado à projeção nacional como candidato de confiança do bolsonarismo, apresentado como gestor técnico e fiel escudeiro. No entanto, a realidade do governo e a ambição política mostram que alianças construídas no calor eleitoral nem sempre sobrevivem ao jogo de interesses.
Tarcísio, pragmático, compreende que governar o maior estado do país exige diálogo com diferentes setores, inclusive com partidos do centro e líderes empresariais que não orbitam Bolsonaro. A necessidade de manter São Paulo atraente a investidores, equilibrar contas públicas e preservar sua própria imagem de gestor moderado o distancia de uma retórica radical que, embora mobilize núcleos fiéis, também gera desgaste e isolamento político.
Bolsonaro, por sua vez, enxerga qualquer movimento de autonomia como deslealdade. Com seu estilo personalista, espera que seus aliados permaneçam alinhados, ainda que isso custe governabilidade e viabilidade eleitoral futura. As recentes críticas públicas e indiretas contra Tarcísio mostram como o ex-presidente cobra obediência, mesmo que isso comprometa estratégias mais amplas da direita.
Esse racha não é apenas uma disputa de egos. Ele sinaliza um impasse estratégico: a direita brasileira se reorganizará em torno de Bolsonaro e seu discurso de confronto, ou buscará novas lideranças com capacidade de ampliar apoios e dialogar com diferentes setores da sociedade? O episódio também sugere que o bolsonarismo, embora forte eleitoralmente, tem limites institucionais e corre o risco de se tornar uma força incapaz de produzir consensos mínimos.
O futuro político de Tarcísio — e, por consequência, da direita — dependerá de como ele conseguirá equilibrar a herança de ter sido “cria” de Bolsonaro com a necessidade de construir uma marca própria. E dependerá, sobretudo, da disposição do eleitorado em aceitar lideranças que não vivam presas ao passado recente.
No fim, o racha entre Bolsonaro e Tarcísio pode ser o ponto de partida de uma reorganização política mais profunda — ou apenas mais um capítulo de um campo político que se alimenta do conflito e da suspeita permanente.
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