Uma vergonha para os deputados federais votados na região de Irecê




 Sexta-feira, 25 de abril, auditório lotado para a importante e talvez maior Audiência Pública parlamentar do Território de Irecê, realizada conjuntamente pela Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia e a Comissão Especial sobre Prevenção e Auxílio a Desastres e Calamidades Naturais da Câmara Federal, na qual estiveram 17 deputados estaduais e 4 deputados federais, o vice-governador, três secretários de estado e mais de 200 produtores rurais em busca de soluções.

Tema central: crise climática da região Norte da Bahia, com ênfase no Território de Irecê. Uma das maiores secas dos últimos 40 anos, que dizimou toda a safra agrícola cultivada em regime de sequeiros na região, antecipou o rebaixamento e secamento de poços artesianos, levou irrigantes a reduzirem áreas e alguns a suspenderem totalmente os investimentos e os criadores de bovinos e pequenos animais ainda sofrem com a escassez de alimentos para os seus rebanhos.

Após quatro horas de discursos e debates, que contaram inclusive com a participação remota do ministro da agricultura Carlos Fávaro, definiu-se, como medidas emergenciais, a dilação dos vencimentos das dívidas agrícolas, acesso a novos créditos e redução dos custos do milho fornecido pela Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, cujas propostas foram levadas por uma grande caravana de políticos, dentre eles, prefeitos, vereadores, deputados estaduais e deputados federais. Estes últimos, responsáveis pela articulação com o ministro da agricultura.

Em audiência ocorrida no gabinete do ministro, em Brasília (DF), muita gente, muitas fotos, muitos vídeos e muitas falas. Sobre o que interessa de fato aos produtores, em especial aos criadores, protocolos de ofícios diretamente com o ministro, reivindicações sobre a pauta e dois compromissos do ministro: 1 – “Vou ver com outros pares do governo para tentarmos adimplir os vencimentos das dívidas deste ano e promover novos créditos”, e, 2 – “Quanto ao milho, o que posso fazer, que só depende de mim, é subsidiar a logística do produto, de modo a chegar em Irecê mais barato, na casa dos R$ 60,00”. Divulgaram como encaminhamento. Porém, nem uma coisa, nem a outra. Os vencimentos das dívidas continuam a sufocar os produtores e a Conab continua disputando com o mercado, o preço do milho, sem subsídio, sem queda nos preços, muita burocracia e dor de cabeça aos produtores.

Em resumo, as comissões dos deputados estaduais e federais fizeram o que deveriam, até o gabinete do ministro. Depois, tudo virou “conversa pra boi dormir”. O ministro não fez nada e os deputados federais dizem que estão acompanhando, mas nada fazem de concreto. E lá se vão 4 meses, sem que nada tenha sido feito para lastrear os produtores na sua dura lida para superar os impactos da crise climática que frustrou a produção rural deste ano na região e continua a gerar graves impactos no setor.

Investir em uma audiência pública na base, em uma caravana a Brasília, uma tarde inteira com  ministro, em reunião articulada pelos deputados federais, para terminar em nada, é motivo de vergonha para quem se encontra na Câmara Federal, dizendo que representa o povo que mais precisa.

editorial cultura realidade 

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